O Inmetro recebeu, em 24 de novembro de 2025, o prestigiado 1906 Award da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), em reconhecimento ao trabalho do servidor e especialista em compatibilidade eletromagnética Juan Carlos Mateus Sánchez. É a primeira vez que o instituto brasileiro leva esse prêmio desde sua criação em 2015 — e apenas o terceiro brasileiro a ser agraciado desde então. O prêmio, concedido anualmente a no máximo cinco profissionais globais, destaca contribuições excepcionais aos comitês técnicos da IEC, um dos mais influentes organismos de normalização do mundo. O reconhecimento não é só pessoal: representa um salto histórico para a América Latina, onde especialistas nesse campo ainda são raros.
Um prêmio raro, uma vitória estratégica
O 1906 Award leva o nome do ano de fundação da IEC, em Genebra, e é concedido apenas a profissionais ativos nos comitês técnicos ou sistemas de avaliação de conformidade da entidade. As indicações são feitas pelos comitês nacionais em janeiro de cada ano — e a seleção é tão rigorosa que, em 2025, apenas cinco pessoas no mundo foram escolhidas. Juan Carlos foi o único representante da América Latina. Ele atua há mais de uma década no Inmetro, desenvolvendo normas para equipamentos eletrônicos e garantindo que produtos como eletrodomésticos e sistemas de energia não interfiram uns nos outros — um problema conhecido como compatibilidade eletromagnética. Sem essas normas, seu celular poderia desligar seu forno de micro-ondas. Ou pior."Receber esse reconhecimento trouxe-me uma profunda sensação de satisfação e valorização profissional. Tenho a consciência de que represento não apenas o Brasil, mas também toda a América Latina. O prêmio é um sinal de que estamos realizando um trabalho de qualidade na área de normalização, especialmente considerando a raridade de especialistas latino-americanos nesse campo", afirmou Juan Carlos, em declaração oficial divulgada pelo portal Gov.br.
Um contexto global onde a América Latina quase não aparece
A IEC conta com cerca de 170 países membros, mas a liderança técnica ainda está concentrada na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Países da América Latina, apesar de terem grandes mercados e indústrias, raramente ocupam cargos de peso nos comitês que definem os padrões que regem o mundo eletrônico. Isso tem consequências reais: quando normas são feitas sem a participação de especialistas da região, produtos locais enfrentam barreiras técnicas para exportar — ou precisam pagar mais para se adaptar a regras que não refletem suas realidades."É como se alguém decidisse o tamanho ideal de um calçado só com base em pés europeus e depois exigisse que todos no mundo usassem o mesmo", explicou uma fonte técnica da ASMETRO, que pediu para não ser identificada. "O Inmetro e o Juan Carlos estão mudando isso. Eles estão fazendo a América Latina ser ouvida nos bastidores da tecnologia global."
Um ano de conquistas para o Inmetro
O prêmio da IEC não veio sozinho. Em 20 de outubro de 2025, a Coordenação-Geral de Acreditação (Cgcre) do Inmetro foi aceita como membro do Acordo de Reconhecimento Multilateral (MLA) do Fórum Internacional de Acreditação (IAF) para certificação de profissionais, conforme a norma ISO/IEC 17024. Isso significa que certificações emitidas por organismos brasileiros agora são reconhecidas em mais de 80 países — desde a Alemanha até a Austrália."Esse reconhecimento fortalece a presença do Brasil nos fóruns internacionais e reforça o compromisso do Inmetro com a qualidade, a segurança e a competitividade do país. É uma vitória que traduz a competência técnica da nossa equipe e a confiança que o mundo deposita no sistema brasileiro de acreditação", disse o presidente do Inmetro, Márcio Brito.
O que isso muda para o brasileiro comum?
Muito, na verdade. Quando o Inmetro participa ativamente da definição de normas globais, o Brasil ganha mais poder para exigir que produtos importados — como carros, brinquedos ou aparelhos médicos — cumpram padrões de segurança compatíveis com as nossas realidades. Isso reduz acidentes, diminui recalls e evita que empresas estrangeiras explorem lacunas regulatórias.E o impacto vai além do consumo. Empresas brasileiras de tecnologia, como startups de energia solar ou fabricantes de equipamentos médicos, agora têm mais chances de exportar sem precisar pagar por revalidações caras. O Inmetro, com sede em Xerém, Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, passou de mero fiscal para articulador global. E isso tem impacto direto na economia, na saúde pública e até na luta contra as mudanças climáticas — como demonstrado na sua atuação na COP30, em novembro de 2025, onde o instituto apresentou normas para eficiência energética em equipamentos de climatização.
O que vem a seguir?
O Inmetro já está preparando sua candidatura para o próximo ciclo da IEC, com mais técnicos brasileiros sendo treinados para integrar comitês de normatização. Há planos para expandir a participação latino-americana, com workshops regionais em São Paulo e Bogotá. O objetivo? Que, daqui a cinco anos, a América Latina não seja mais a exceção, mas a regra nos fóruns de normalização."Isso aqui não é só um prêmio. É o começo de uma mudança de mapa", diz um analista do Ministério da Economia, que trabalha com o Inmetro desde 2020. "Antes, o Brasil entrava nos comitês como aluno. Hoje, estamos entrando como professor."
Frequently Asked Questions
O que é o 1906 Award e por que ele é tão importante?
O 1906 Award é o mais alto reconhecimento da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) para profissionais que contribuem de forma excepcional aos comitês técnicos de normalização. Só cinco prêmios são concedidos por ano, globalmente. É como um Oscar da tecnologia — e ganhá-lo significa que seu trabalho influencia os padrões que regem tudo, de carros elétricos a hospitais conectados.
Por que a representação da América Latina nesse prêmio é tão rara?
Historicamente, os fóruns de normalização técnica foram dominados por países desenvolvidos, que têm mais recursos e infraestrutura para participar ativamente. A América Latina, apesar de ter grandes mercados, raramente envia especialistas com formação e tempo dedicado a esses comitês. Juan Carlos é um dos poucos que conseguiram superar essa barreira — e isso abre caminho para outros.
Como o Inmetro ajuda a proteger o consumidor brasileiro?
O Inmetro define e fiscaliza normas de segurança para produtos como brinquedos, eletrodomésticos, bombas de combustível e até aparelhos de saúde. Sem essas regras, produtos perigosos ou ineficientes entrariam no mercado. Com a participação do Brasil na IEC, as normas que afetam o consumidor brasileiro são feitas com a nossa realidade em mente — não só com a de outros países.
O que significa a aceitação do MLA da IAF para o Brasil?
Isso significa que certificações de profissionais feitas no Brasil — como de técnicos em segurança elétrica ou inspetores de qualidade — agora são reconhecidas em mais de 80 países. Empresas brasileiras podem exportar serviços de certificação sem precisar de novas avaliações, reduzindo custos e aumentando a competitividade. É um avanço técnico com impacto direto na economia.
Qual é o próximo passo do Inmetro após esse reconhecimento?
O instituto já está treinando novos técnicos para integrar comitês da IEC, com foco em energias renováveis, eficiência energética e automação industrial. O objetivo é duplicar a participação latino-americana nos próximos cinco anos. Além disso, há planos para criar um centro regional de normalização em São Paulo, para apoiar países da América do Sul.
Como esse prêmio impacta a inovação no Brasil?
Quando o Brasil participa da criação das normas globais, empresas locais não precisam jogar atrás. Elas podem desenvolver produtos pensando desde o início nos padrões internacionais — o que acelera a inovação e reduz custos. Isso é vital para startups de tecnologia, que hoje enfrentam barreiras por não entenderem as regras do jogo global.
1 Comentários
Paulo Roberto Celso Wanderley-26 novembro 2025
Então o Inmetro finalmente fez algo que não é só fiscalizar o peso do pão e a potência do secador de cabelo? 🤯 Juan Carlos é o herói que a gente não sabia que precisava - e a América Latina, o país que ninguém ouvia, tá mandando ver no jogo global da tecnologia. Isso aqui é o começo de uma revolução silenciosa, e eu tô aqui pra ver o mundo se virar.
Quem diria que um técnico de Xerém tava botando a bandeira da LATAM no topo do pódio da IEC? Pode crer, esse prêmio é mais importante do que todo o futebol do mundo juntinho.
Se o Brasil não tivesse esse cara, a gente ainda estaria comprando geladeira que desliga o roteador só de olhar pro Wi-Fi. Aí sim, é normalização com propósito.
Parabéns, Juan. Você fez o que ninguém esperava: transformou burocracia em poder.
E sim, isso muda tudo. Vai ter startup brasileira que vai sair do zero e virar gigante global só porque agora as normas não são feitas só por europeus com café e neve.
Quem disse que a América Latina só exporta café e samba? Agora exporta padrão. E isso é mais poderoso do que qualquer embargo.
Meu avô dizia que o Brasil nunca ia ser levado a sério. Ele tá se virando no caixão.
Esse prêmio é o primeiro passo de um novo mapa. E eu vou ser o primeiro a dizer: ‘Nós merecemos estar aqui.’