por Rodrigo Batista - 0 Comentários

A Ferroviária viu sua esperança de manter-se na Série B desmoronar neste domingo, 16 de novembro de 2025. Derrotada por Athletico-PR por 2 a 1 no Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara, a equipe grená entrou em estado de alerta máximo — com 50,54% de probabilidade de rebaixamento para a Série C, segundo o Gato Mestre. O gol de Renan Peixoto aos 50 minutos do segundo tempo não foi apenas um lance técnico: foi o golpe final numa sequência de sete jogos sem vitórias, e o que mais dói é que a Ferroviária teve chances. Muitas. Mas não converteu. E isso, no futebol, é o mesmo que perder antes mesmo de começar.

Um jogo de oportunidades perdidas

O primeiro tempo foi um duelo de nervos. O Athletico-PR pressionava, mas a Ferroviária respondia com velocidade. Juninho e Fabrício Daniel bateram na trave em contra-ataques quase perfeitos. Denis Júnior, o goleiro que virou herói em outras ocasiões, fez uma defesa crucial contra a cabeçada de Bruno Zapelli. Parecia que o empate seria o resultado justo. Mas o futebol não gosta de justiça. Gosta de precisão. E o Athletico-PR, aos 40 minutos, encontrou a sua: João Cruz cobrou falta de longe, e a bola desviou no vento — ou talvez no desespero de Denis — e entrou no canto superior. O estádio caiu em silêncio. A Ferroviária, que havia dominado as estatísticas de finalizações (9 a 7), agora precisava de um milagre.

A virada que não veio, mas que veio

Fábio, que entrou no segundo tempo no lugar de Fabrício Daniel, deu a esperança aos torcedores aos 27 minutos. Finalização de fora da área, direto no ângulo. Um gol de classe. Por um instante, acreditar foi possível. Mas o tempo não estava do lado da Ferroviária. Aos 50 minutos, Leozinho cruzou com perfeição. Renan Peixoto, livre na área, saltou como um homem que sabe que seu clube está na corda bamba. Cabeça. Gol. O placar virou. E o estádio, que até então vibrava, se tornou um cemitério de expectativas. O técnico Daniel Azambuja olhou para o gramado como se não acreditasse no que via. E não era para menos. A Ferroviária teve mais chances, mais posse, mais pressão. Mas perdeu. E isso, na Série B, é uma sentença.

As estatísticas não mentem — e estão assustadoras

O número que mais assusta não é o placar. É o 50,54%. Esse é o risco de rebaixamento da Ferroviária após a derrota, conforme o modelo do Gato Mestre no ge. Em apenas 28 rodadas, a equipe acumulou 40 pontos — o mesmo que o 17º colocado, o Criciúma. Mas o saldo de gols é desastroso: -10. Enquanto o Athletico-PR, com 53 pontos, se mantém na zona de acesso, a Ferroviária está a apenas dois pontos da zona de rebaixamento direto. E pior: nos últimos sete jogos, não venceu nem uma. Empatou quatro, perdeu três. A média de gols marcados caiu para 0,8 por jogo. O que antes era uma equipe com identidade, agora parece perdida.

Antes da demissão de Claudinei Oliveira, a equipe tinha um ritmo mais equilibrado: 11 gols em nove jogos, média de 1,2 por partida. Mas a defesa era um colador. Sofreu 14 gols na mesma fase — 1,5 por jogo. Agora, sob Azambuja, o problema só piorou. A equipe não consegue manter a concentração nos minutos finais. E isso é um vício. Um vício que custa pontos. E, neste momento, cada ponto é uma vida.

Os números por trás do estádio vazio

O jogo teve 7.650 ingressos gratuitos distribuídos — um por CPF. O setor 4, exclusivo para sócios, estava lotado. Mas os outros setores? Meio vazios. Ainda que a entrada fosse grátis, a torcida não veio. Não porque não quisesse. Mas porque já não acredita. A Ferroviária, fundada em 1950, vive seu terceiro ano consecutivo na Série B. E, em cada temporada, a sensação de que algo está errado aumenta. A diretoria ainda não apresentou um plano de reestruturação. Nenhum nome novo foi anunciado para a próxima temporada. Apenas promessas. E promessas não ganham jogos.

O que vem a seguir? Um jogo que não pode ser perdido

A próxima partida da Ferroviária está marcada para 23 de novembro de 2025, às 21h35, contra o Goiás no Estádio Serra Dourada. Sim — a data de 23 de setembro mencionada nas fontes é um erro. Um erro que reflete a desorganização que envolve o clube. O Goiás, com 48 pontos, está bem mais confortável, mas ainda precisa de pontos para garantir vaga na Série A. Eles vão jogar para vencer. A Ferroviária? Vai jogar para não cair. A pressão é imensa. Se perder, o risco de rebaixamento sobe para mais de 70%. Se empatar, ainda há vida. Mas se vencer? Talvez, apenas talvez, a torcida volte a acreditar.

Quem está no controle?

Daniel Azambuja, técnico desde o fim de outubro, não tem tempo. Nem recursos. Nem apoio claro da diretoria. Ele tenta manter a posse de bola, mas os jogadores parecem cansados. Física e mentalmente. O meia Netinho, que entrou no segundo tempo, foi um dos poucos a demonstrar intenção de jogo. Mas não basta um. Precisa de uma equipe. E a Ferroviária, hoje, não tem isso.

O Athletico-PR, por outro lado, respira aliviado. Mesmo sem garantir acesso à Série A, mantém-se na zona de classificação. A vitória sobre a Ferroviária foi mais do que três pontos: foi uma prova de que ainda têm capacidade de reagir. Leozinho, que saiu lesionado aos 50 minutos do primeiro tempo, foi substituído por Léo Derik — e o time não perdeu ritmo. Isso é sinal de estrutura. E a Ferroviária? Só tem esperança. E, nesse momento, esperança não paga a conta.

Frequently Asked Questions

Por que a Ferroviária está tão perto do rebaixamento mesmo com 40 pontos?

A Série B é extremamente competitiva. Com 40 pontos, a Ferroviária está apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento direto. O saldo de gols é o grande vilão: -10, pior que a maioria dos times na briga pelo rebaixamento. Em casos de empate em pontos, o critério de desempate é o saldo de gols — e a equipe não tem mais como correr atrás.

Qual é o histórico da Ferroviária na Série B?

Fundada em 1950, a Ferroviária só retornou à Série B em 2023, após 14 anos fora da segunda divisão. Em 2023, terminou em 14º; em 2024, em 16º. Nesta temporada, está em 18º lugar. Nunca chegou à Série A na era moderna. O clube vive um ciclo de altos e baixos, mas a falta de planejamento de longo prazo torna a sobrevivência na Série B uma luta constante.

Como o Athletico-PR conseguiu vencer mesmo com menos chances?

O Athletico-PR não precisou de mais chances — precisou de eficiência. Dos 7 chutes a gol, dois resultaram em gols. Já a Ferroviária teve 9 chances, mas apenas 1 convertida. Isso mostra a diferença entre equipe com foco e equipe sem rumo. O gol de João Cruz, de falta, foi um erro de marcação. O de Renan Peixoto, um erro de atenção defensiva. Ambos são falhas de organização — e a Ferroviária as cometeu.

O que precisa mudar na Ferroviária para evitar a Série C?

Precisa de um plano de reforços, não só de nomes. O clube precisa contratar pelo menos dois jogadores de experiência na Série B — um zagueiro de marcação e um meia criativo. Além disso, precisa de psicólogos esportivos. A equipe está mentalmente esgotada. A torcida não comparece, os jogadores não acreditam, e o técnico não tem apoio. Sem mudança estrutural, o rebaixamento será apenas o início de uma crise maior.

Por que tantos ingressos gratuitos? Isso é normal?

É um sinal de desespero. A Ferroviária não consegue vender ingressos. A torcida está desiludida. Distribuir entradas grátis é uma tentativa de manter a presença no estádio — e, por tabela, o clima de apoio. Mas isso não resolve o problema de fundo: falta identidade, falta projeto, falta confiança. Um estádio cheio não salva um time sem rumo.

O que acontece se a Ferroviária for rebaixada para a Série C?

Será o pior cenário possível. A equipe perderá receitas com direitos de transmissão, patrocínios e bilheteria. Muitos jogadores sairão por empréstimo ou rescisão. A base de torcedores pode desaparecer. E, pior: o clube pode demorar mais de 10 anos para voltar à Série B — como aconteceu entre 2009 e 2023. O rebaixamento não é só um passo atrás: é um risco de desaparecimento.