por Rodrigo Batista - 1 Comentários

Quando Cuiabá Esporte Clube confirmou sua queda para a Série B na última rodada do Campeonato Brasileiro 2024, a lista de clubes que jamais sofreram rebaixamento encolheu para apenas dois nomes. A notícia, divulgada em 27 de novembro de 2024 pelo portal GE, marcou o fim de cinco temporadas consecutivas do Dourado na elite, e trouxe à tona um debate quente sobre estabilidade, finanças e tradição no futebol nacional.

Histórico dos clubes imunes ao rebaixamento

Desde a criação oficial do Brasileiro em 1971, três equipes mantiveram-se ininterruptas na primeira divisão: Clube de Regatas do Flamengo, São Paulo Futebol Clube e, até pouco tempo atrás, Cuiabá Esporte Clube. O Rubro-Negro, fundado em 17 de novembro de 1895 na Rio de Janeiro, coleciona oito títulos nacionais, três Libertadores e dois Mundiais da FIFA. Já o Tricolor, criado em 25 de janeiro de 1930 na São Paulo, soma seis Brasileiros, três Libertadores e três Mundiais.

Ambos os clubes permaneciam bem posicionados na tabela de 2024 – Flamengo na quinta e São Paulo na sexta colocação – mostrando que a permanência na elite vai além da simples sorte; envolve gestão, investimento e apoio da torcida.

A queda do Cuiabá no Brasileirão 2024

O Dourado, fundado em 1º de janeiro de 2001 em Cuiabá, Mato Grosso, entrou na Série A em 2020 e, nos quatro anos seguintes, conquistou quatro títulos consecutivos do Campeonato Mato‑Grosseano. No entanto, a campanha de 2024 foi marcada por resultados irregulares, uma defesa vulnerável e a falta de gols decisivos.

Na rodada 38, contra o Internacional, o Cuiabá perdeu por 2 a 1, confirmando matematicamente o rebaixamento como penúltimo colocado. O diretor‑geral do clube, Pedro Cordeiro, admitiu que o "budget" destinado ao plantel ficou aquém do exigido para enfrentar a disputa da Série A.

Reações e declarações dos principais atores

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, comemorou o fato de que "o nosso clube continua sendo um dos poucos a jamais conhecer a dor do rebaixamento, um marco de consistência que queremos manter". O técnico Adenor Leonardo Bacchi, mais conhecido como Tite, enfatizou a importância da gestão estruturada.

Já o presidente do São Paulo Futebol Clube, Julio Casares, alertou que "a luta é diária; não podemos descansar nos louros só porque somos um dos dois que ainda não caíram". O treinador Hernán Darío Crespo acrescentou que a equipe está focada em garantir ao menos uma vaga em competições internacionais para reforçar o legado.

Impacto financeiro e esportivo do rebaixamento

De acordo com estudo da consultoria Deloitte Sport, clubes que permanecem na Série A recebem, em média, R$ 120 milhões em direitos de transmissão ao ano. O Cuiabá Esporte Clube verá esse valor cair cerca de 70%, além da perda de patrocínios de grande porte e da redução de receita de bilheteria. Especialistas do portal LANCE! apontam que "a instabilidade financeira pode gerar um efeito dominó, afetando contratações, infraestrutura e até a retenção de jogadores promissores".

O clube ainda enfrenta o débito acumulado de salários de 2023, que chega a R$ 8,5 milhões, segundo relatório divulgado pelo Departamento de Finanças da CBF. Já o Flamengo e o São Paulo, com receitas consolidadas acima de R$ 300 milhões, têm fôlego para investir em reforços e projetos de base.

O futuro de Flamengo e São Paulo na elite

O futuro de Flamengo e São Paulo na elite

Com a partida do Cuiabá, a pressão arterial aumenta nos dois gigantes que ainda não conhecem o descenso. A última rodada trouxe um duelo direto entre eles, terminando em 1 a 1, e gerou especulação sobre quem levará a melhor estratégia para manter a permanência até o fim da temporada.

Analistas da ESPN Brasil destacam que "o Flamengo tem vantagem econômica, mas o São Paulo conta com um plantel mais equilibrado defensivamente". A disputa pelas vagas da Libertadores deve envolver ainda o Palmeiras, que ocupa a terceira posição, e o Grêmio, que luta para evitar o rebaixamento.

Em entrevista ao programa "Bola na Rede", Tite comentou que "a história de clubes que nunca foram rebaixados serve como inspiração, mas também como responsabilidade". Enquanto isso, o técnico Crespo apontou que a consistência dessa temporada pode valer pontos cruciais na classificação para a fase de grupos da Libertadores.

Dados e curiosidades

  • Clubes com maior número de rebaixamentos: América‑MG, Coritiba e Goiás (7 cada).
  • Santos foi o último gigante a ser rebaixado antes do Cuiabá, em 2023, após 68 edições.
  • Flamengo tem 8 títulos brasileiros; São Paulo, 6.
  • O Dourado conquistou quatro Campeonatos Mato‑Grosseanos consecutivos (2021‑2024).
  • Direitos de transmissão da Série A equivalem a aproximadamente R$ 120 milhões por clube.

Perguntas Frequentes

Como o rebaixamento do Cuiabá afeta seus torcedores?

A queda para a Série B reduz drasticamente a visibilidade nacional, o que pode diminuir a presença nos estádios e a motivação dos torcedores. Além disso, a perda de jogos contra grandes clubes limita oportunidades de infiltração de novos fãs.

Quais são as consequências financeiras para o clube?

Com a série B, o clube vê seu repasse de direitos de TV cair de cerca de R$ 120 milhões para menos de R$ 40 milhões anuais, além de perder parte dos contratos de patrocínio que exigem presença na primeira divisão.

Por que Flamengo e São Paulo ainda não foram rebaixados?

Ambos os clubes combinam tradição administrativa, investimentos consistentes em elenco e infraestrutura robusta. O Flamengo ainda conta com receitas de marketing e streaming, enquanto o São Paulo tem um programa de base forte que garante entrada de talentos a baixo custo.

Qual é a próxima grande disputa para Flamengo e São Paulo?

Ambos almejam garantir vagas na fase de grupos da Libertadores. O Flamengo mira o título da Copa do Brasil como caminho alternativo, enquanto o São Paulo busca a classificação direta via posição no Brasileirão.

O que o rebaixamento do Cuiabá indica para clubes menores?

Mostra que a permanência na elite exige planejamento de longo prazo e reservas financeiras. Clubs menores precisam reforçar a gestão de custos e investir em categorias de base para garantir competitividade sustentável.