por Rodrigo Batista - 0 Comentários

A Seleção Brasileira fecha 2025 com dois desafios contra seleções africanas, em um planejamento estratégico que vai além de apenas manter a forma. No dia 15 de novembro, às 13h (horário de Brasília), o time comandado por Carlo Ancelotti enfrenta o Senegal no Emirates Stadium, em Londres. Três dias depois, em 18 de novembro, às 16h30, o duelo é contra a Tunísia, no Decathlon Stadium, em Lille. São os últimos jogos do ano — e talvez os mais importantes para acalmar os torcedores depois de uma campanha irregular nas Eliminatórias Sul-Americanas.

Um ano de altos e baixos antes da Copa

A Seleção garantiu vaga na Copa do Mundo de 2026 com a quinta colocação nas Eliminatórias, mas a classificação não foi suficiente para silenciar as críticas. Em setembro, após perder para a Bolívia e vencer o Chile na última rodada, o clima ficou pesado. A derrota por 3 a 2 para o Japão em outubro, depois de uma goleada de 5 a 0 sobre a Coreia do Sul, mostrou o lado volátil da equipe. O que era para ser uma retomada de confiança virou um espelho das incertezas: ataque brilhante, defesa vacilante, e um meio-campo que ainda busca identidade.

Carlo Ancelotti, que assumiu o cargo em data ainda não oficializada pela CBF, chega ao seu oitavo jogo no comando com quatro vitórias, um empate e duas derrotas. Não é um recorde impressionante — mas é um trabalho em construção. O técnico italiano, conhecido por sua calma e inteligência tática, não está buscando apenas resultados. Ele quer entender quais jogadores respondem sob pressão, quais combinações funcionam contra times de alta intensidade — e o Senegal e a Tunísia são laboratórios perfeitos para isso.

Adaptação tática e desfalques importantes

Para o confronto com a Tunísia, Ancelotti anunciou mudanças nas laterais. Wesley entra na direita, e Caio Henrique no lado esquerdo, substituindo o experiente Alex Sandro, que não foi convocado por questões de ritmo. A ausência de Gabriel Magalhães, lesionado no último sábado antes da viagem, é outro golpe. O zagueiro do Arsenal era uma das certezas na retaguarda. Ainda assim, o técnico tem opções: Marquinhos e Edson devem formar a dupla de zaga, com Lucas Paquetá como pivô criativo.

Curiosamente, o Brasil já enfrentou a Tunísia em 2022, em Paris, numa goleada de 5 a 1. Raphinha marcou duas vezes, e Neymar, Richarlison e Pedro completaram o placar. Mas isso não serve de referência. O time tunisiano mudou. O técnico Jalel Kadri trouxe jovens promissores da liga francesa, e o meio-campo agora é mais agressivo. O Brasil não pode subestimar.

Por que escolher times africanos?

O Departamento de Seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não escolheu esses adversários por acaso. O Senegal, vice-campeão da Copa Africana em 2022, e a Tunísia, com histórico de defesa organizada e contra-ataques rápidos, são modelos de equipes que o Brasil pode encontrar na fase de grupos da Copa do Mundo de 2026. Estados Unidos, Canadá e México também jogam com intensidade física e pressão alta — e os africanos ensinam isso melhor que qualquer europeu.

“Não é só sobre vencer”, disse uma fonte próxima à comissão técnica. “É sobre ver como nossos jogadores reagem quando o jogo fica feio, quando o campo está molhado, quando o árbitro não dá as faltas. A Europa ensina técnica. A África ensina alma.”

O que vem depois? O calendário de 2026

Após os amistosos de novembro, a CBF já tem planos para a próxima janela da Fifa, em março de 2026. Duas partidas estão quase confirmadas: contra a França, em Boston, e contra a Croácia, em Orlando. São rivais que podem ser adversários diretos na Copa — e, mais importante, são times que testarão o Brasil em seu nível mais alto.

Esses jogos serão decisivos para a convocação final. Nomes como Endrick, Antony e João Gomes precisam se impor. A pressão aumenta. O tempo aperta. E o Brasil, que já tem a vaga, ainda precisa se provar.

Transmissão e expectativa popular

A partida contra a Tunísia será transmitida ao vivo pela Rede Globo, Sportv e GE TV. O GE exibirá os lances em tempo real, com análise em tempo real por ex-jogadores. A expectativa é grande — mas não pela vitória. A torcida quer ver evolução. Quer ver um time que jogue com propósito, não apenas com talento. Quer ver um Brasil que não se contente em passar de fase — mas que queira vencer.

Frequently Asked Questions

Por que o Brasil jogará contra seleções africanas e não europeias antes da Copa?

O planejamento da CBF prioriza adversários com estilos de jogo distintos. Senegal e Tunísia jogam com alta intensidade, pressão constante e contra-ataques rápidos — semelhante a equipes como Estados Unidos, Canadá e até Alemanha. Esses jogos testam a resistência física e a tomada de decisão sob pressão, algo que não é tão bem simulado em amistosos contra seleções europeias mais técnicas.

Qual o impacto da lesão de Gabriel Magalhães na defesa brasileira?

A ausência de Magalhães é um golpe real. Ele é o único zagueiro da atual convocação que combina altura, velocidade e leitura de jogo em alto nível. Sem ele, a dupla Marquinhos-Edson pode sofrer com velocidade de atacantes africanos. Ancelotti pode recorrer a Lucas Veríssimo ou até Thiago Silva, se o veterano estiver recuperado.

O que Ancelotti precisa resolver antes da Copa do Mundo?

O centro do campo. Com Casemiro aposentado e Bruno Guimarães em recuperação, o Brasil ainda não encontrou um pivô que equilibre defesa e ataque. Paquetá é criativo, mas não é um volante. A busca por um jogador que saiba ler o jogo e interromper transições é a maior lacuna técnica da equipe hoje.

A derrota para o Japão em outubro foi um sinal de alerta?

Foi mais que um sinal — foi um espelho. O Japão jogou com mais organização defensiva, pressionou os laterais brasileiros e aproveitou erros individuais. O Brasil teve 68% de posse, mas criou menos chances reais. Isso mostra que talento não basta. A seleção precisa de estratégia, não só de estrelas.

Quem são os principais candidatos a estrear na Copa do Mundo de 2026?

Endrick, com apenas 18 anos, é o grande nome da nova geração. Antony, mesmo com irregularidades, ainda é a melhor opção na ponta direita. Na zaga, Arthur Melo pode surpreender como volante. E João Gomes, do Flamengo, tem tudo para ser o novo coração do meio-campo — se continuar evoluindo até março de 2026.

O amistoso contra a Tunísia é um jogo de despedida para algum jogador?

Possivelmente. Marquinhos, aos 30 anos, pode estar jogando sua última Copa. Alisson também está no fim de sua janela de elite. E Richarlison, que foi peça-chave nas Eliminatórias, ainda não convenceu como titular na última fase. Se não brilharem nesses amistosos, podem perder espaço para jovens. É um jogo de despedida — ou de renascimento.